A apresentação de Bruno Mazzoni no Clube dos Dividendos analisa a situação da Raízen (RAIZ4), abordando aspectos macroeconômicos, fundamentos da empresa, valuation e análise gráfica.
Principais pontos da análise de Mazzoni:
Contexto macroeconômico e auxílio do BNDES: Mazzoni inicia destacando a pressão macroeconômica sobre o preço da Raízen, mencionando a queda da ação e a influência dos juros. No entanto, ele traz uma notícia positiva: a aprovação de um financiamento de 1 bilhão do BNDES para a construção de uma unidade de etanol de segunda geração. Ele enfatiza a importância desse crédito em um cenário de aperto monetário e como isso pode beneficiar a empresa. Ele acredita que o investimento em biocombustíveis pode se tornar uma política de estado, impulsionando a balança comercial brasileira.
Fundamentos da Raízen: Mazzoni descreve a Raízen como uma empresa com um EBITDA robusto, mas com margens baixas (0,3% a 1%). Ele menciona o alto Capex (investimento em bens de capital) da empresa e a expectativa de crescimento na produção de etanol de segunda geração, com aumento de 74% em relação a 2023 e perspectiva de dobrar até 2026. Ele ressalta que o lucro líquido não acompanha o crescimento do operacional, o que pode ser um ponto de atenção.
Tese de investimento: Mazzoni direciona a análise para investidores de longo prazo, que acreditam no potencial do etanol e na matriz energética híbrida (elétrico e etanol) na América do Sul. Ele menciona a alavancagem da empresa, próxima de três vezes o EBITDA, e a promessa do novo presidente de controlar os investimentos. Ele também aponta que a Raízen possui diversos setores além do seu core business (distribuição de combustíveis via Shell, por exemplo), e sugere que ciclos macro de aperto podem levar a desinvestimentos e foco no negócio principal.
Valuation e comparação com outras empresas: Mazzoni observa que a Raízen está negociando abaixo do patrimônio líquido pela primeira vez desde o IPO. Ele compara a Raízen com outras empresas do setor, como São Martinho e Vibra Energia, destacando que a Raízen possui o pior fundamento e o maior market cap. Ele menciona que a Vibra apresenta um earning yield de 44%, o que indica um grande potencial de retorno. Ele apresenta diferentes estimativas de preço justo para a Raízen: R$2,50 segundo o Investing.com, R$4,70 segundo o consenso de analistas e entre R$1,14 e R$2,26 por fluxo de caixa descontado (DCF).
Posicionamento de fundos: Mazzoni informa que fundos como Neel Equity e M estão vendidos na Raízen, enquanto não encontrou nenhum fundo famoso comprado.
Análise gráfica: Mazzoni analisa o gráfico da Raízen, apontando a perda da região de super volume em R$2,91 e os próximos suportes em R$1,94 e R$1,73. Ele menciona também os alvos de alta em R$2,91, R$2,84 e R$3,11, caso haja reversão. Ele sugere diminuição de aportes e uso de opções para quem busca proteger a carteira ou operar vendido.
Opinião sobre a apresentação:
A apresentação de Mazzoni é completa e informativa, abordando diversos aspectos relevantes para a análise da Raízen. Ele equilibra a apresentação de informações macroeconômicas com a análise fundamentalista e gráfica da empresa. A notícia do financiamento do BNDES é um ponto positivo destacado. A comparação com outras empresas do setor e a apresentação de diferentes métodos de valuation enriquecem a análise. A menção ao posicionamento de fundos relevantes também é um diferencial.
No entanto, alguns pontos merecem atenção:
Apesar de mencionar a importância do longo prazo, Mazzoni dedica um tempo considerável à análise gráfica de curto prazo, o que pode confundir investidores com diferentes perfis.
A comparação com a Natura, embora tenha o intuito de ilustrar a necessidade de foco no core business, pode não ser a mais adequada, já que as situações financeiras das empresas são distintas.
A apresentação de diferentes estimativas de preço justo sem uma conclusão clara sobre qual considerar pode gerar dúvidas.
No geral, a apresentação oferece uma análise valiosa sobre a Raízen, com informações relevantes para investidores que desejam entender a situação da empresa e tomar decisões de investimento. A diversidade de informações apresentadas permite uma visão abrangente, embora a abordagem de curto prazo possa gerar alguma confusão.


