A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já começa a reverberar em diferentes áreas da economia — inclusive nas expectativas para a geração de empregos. A Associação Brasileira do Trabalho Temporário (ASSERTTEM) reviu com cautela suas projeções para o terceiro trimestre de 2025, justamente por conta da incerteza em torno dos impactos da medida.
Segundo a entidade, estima-se que entre julho e setembro sejam firmados cerca de 600 mil contratos temporários. O número representa estabilidade em relação ao mesmo período de 2024, mas é menor do que o contabilizado no trimestre imediatamente anterior.
“Havia um certo otimismo para o 3º trimestre, mas com o cenário atual estamos corrigindo nossa estimativa para uma estabilidade no número de contratos temporários, com possibilidade de uma pequena retração, em função das consequências geradas por essa notícia”, afirma Alexandre Leite Lopes, presidente da ASSERTTEM.
Ainda assim, o executivo pondera que ainda é cedo para medir os efeitos da medida, já que nem mesmo há garantia de que o aumento tarifário será de fato implementado a partir de 1º de agosto.
Contratações para o 3º trimestre
Apesar da postura mais cautelosa adotada pelo setor, as contratações temporárias seguem garantidas no terceiro trimestre, impulsionadas especialmente pela Indústria, responsável por 45% das vagas previstas. Na sequência, vêm os setores de Serviços (35%), Comércio (15%) e outros segmentos (5%).
Entre as áreas com maior destaque estão a Alimentícia, Automobilística, de Produção e Logística — setores considerados estratégicos em momentos de alta sazonalidade da economia. Segundo Lopes, datas específicas e fatores pontuais explicam esse comportamento.
Ele destaca que períodos como férias escolares, Dia dos Pais e a retomada dos eventos corporativos tendem a aquecer a demanda por mão de obra temporária. Além disso, iniciativas como o programa Carro Sustentável, que isenta do IPI veículos compactos fabricados no Brasil com alta eficiência energética, também devem colaborar para a movimentação do mercado de trabalho em alguns segmentos da indústria.
“Entre os meses de julho e setembro temos datas sazonais que impulsionam as contratações, como as férias escolares, em que há um volume maior de contratação devido ao turismo em hotéis e companhias aéreas. Também é um período de acúmulo de férias de profissionais efetivos nas empresas, em que o trabalhador temporário é contratado para essa substituição”, explica.
Trabalho temporário bate recorde no 2º trimestre
Por outro lado, o segundo trimestre deste ano apresentou um desempenho expressivo para o mercado de trabalho temporário no Brasil. Entre abril e junho, mais de 640 mil contratos foram firmados no país — alta de 7% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com a ASSERTTEM, esse foi o melhor resultado já registrado para o trimestre desde o início da série histórica, em 2014. O destaque ficou com o mês de junho, que sozinho respondeu por aproximadamente 225 mil contratos ativos.
Segundo Lopes, o desempenho acima do esperado reforça o papel estratégico do modelo. “O volume de contratações para o 2º trimestre surpreendeu, já que a estimativa era de um crescimento de 5%. Esse resultado mostra que as empresas utilizam o trabalho temporário para se adequar às oscilações do mercado e atender às demandas transitórias, com rapidez, flexibilidade e segurança jurídica.”
A associação destaca que o comportamento da economia diante das novas tarifas será decisivo para o desempenho do trabalho temporário no terceiro trimestre. Ainda assim, a ASSERTTEM lembra que o período costuma registrar forte demanda da indústria, que antecipa sua produção de olho em datas como Dia das Crianças, Black Friday e Natal, concentradas nos meses finais do ano.


