As taxas dos DIs fecharam a terça-feira com leves baixas, acompanhando a perda de força do dólar ante o real após comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em evento nos Estados Unidos.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,385%, em baixa de 3 pontos-base ante o ajuste de 13,415% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2029 marcava 13,35%, ante o ajuste de 13,393%.
Entre os vencimentos longos, o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,775%, em queda de 4 pontos-base ante 13,818%.
Pela manhã o tom dos negócios globais era dado pela busca por ativos de menor risco, como Treasuries, dólar e ouro, em detrimento de opções mais arriscadas, como ações, moedas e títulos de países emergentes.
Por trás do movimento estavam novamente os receios de um acirramento do embate comercial entre Estados Unidos e China, ainda que o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha baixado o tom contra os chineses no fim de semana.
Neste cenário, às 9h49 a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a máxima de 13,470%, em alta de 6 pontos-base, quando o dólar mostrava força e oscilava acima dos R$5,50.
No início da tarde o cenário mudou. Em discurso proferido em reunião da Associação Nacional de Economia Empresarial na Filadélfia, Powell afirmou que o mercado de trabalho norte-americano permaneceu preso em um marasmo de poucas contratações e poucas demissões durante setembro, embora a economia em geral “possa estar em uma trajetória um pouco mais firme do que o esperado”.
Ele observou ainda que as autoridades adotarão uma abordagem “reunião por reunião” para decidir sobre a taxa de juros, conforme equilibram a fraqueza do mercado de trabalho com o fato de que a inflação segue bem acima da meta de 2%.
Powell também indicou que o fim do processo de redução do balanço patrimonial do Fed — ou seja, o aperto quantitativo (QT) — pode estar próximo.
O QT vem sendo executado pelo Fed desde 2022 e, na prática, remove as quantidades excessivas de liquidez no mercado financeiro injetadas durante a pandemia de Covid-19. Ao sinalizar o fim do processo, o Fed indica que pretende parar de drenar a liquidez disponível, estabilizando o sistema — o que foi bem recebido pelos mercados globais.
Em reação, os índices de ações em Nova York ganharam força e o dólar virou para o negativo ante várias divisas, incluindo o real.
A perda de força do dólar abriu espaço para a virada da curva de juros brasileira para o negativo.
“Sem catalisadores relevantes no cenário doméstico, o mercado brasileiro acompanhou o tom mais brando de Powell e o recuo do DXY no exterior, movimento que resultou no fechamento da curva de juros local e na queda da cotação do dólar frente ao real”, pontuou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito.
Às 15h08 – já após os comentários de Powell – a taxa do DI para janeiro de 2028 marcou a mínima de 13,380%, em baixa de 4 pontos-base.
Perto do fechamento da sessão a curva brasileira precificava em 98% a probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no início de novembro.
Em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado que a partir de quarta-feira o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começará a trabalhar em alternativas para compensar o impacto orçamentário do arquivamento da medida provisória 1303 pela Câmara.
Cálculos do Ministério da Fazenda apontam que a MP teria impacto fiscal de R$14,8 bilhões em 2025 e de R$36,2 bilhões em 2026, considerando as novas receitas previstas e os cortes de despesas. Sem a aprovação, o governo precisará encontrar opções para fechar as contas.
Haddad também defendeu a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil mensais, tema da audiência pública no Senado. O texto, já aprovado na Câmara, também prevê desconto no IR devido por quem ganha até R$7.350. Para bancar a isenção e o desconto, o projeto estabelece novas regras para tributação da alta renda.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa no fim da tarde. Às 16h35 o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 3 pontos-base, a 4,021%.