As taxas dos DIs com prazos mais curtos fecharam a quarta-feira em alta, após diretores do Banco Central reiterarem a sinalização de que a Selic seguirá estável por “período bastante prolongado”, enquanto as taxas longas tiveram baixas firmes, em um dia de queda do dólar ante o real.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries se firmaram em alta durante a tarde, em uma sessão em que os investidores globais tiveram maior apetite por ativos de risco, como ações.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 14,03%, em alta de 4 pontos-base ante o ajuste de 13,993% da sessão anterior.
Entre os vencimentos longos, o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,69%, em queda de 10 pontos-base ante 13,786%.
As taxas futuras iniciaram o dia no Brasil com leves altas em toda a curva, à espera de gatilhos que pudessem definir de forma mais consistente o movimento, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries se mantinham próximos da estabilidade.
Ao longo da manhã, as taxas perderam força, em especial entre os vencimentos longos, em sintonia com a queda do dólar ante o real, em um dia de modo geral mais favorável aos ativos de risco, como ações, moedas e títulos de países emergentes.
No início da tarde, comentários do diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, consolidaram a tendência de baixa para as taxas longas, enquanto as curtas reaceleraram.
David afirmou que os dados disponíveis atualmente ainda não são suficientes para a instituição passar uma indicação sobre até quando durará o “período bastante prolongado” de manutenção da Selic em 15% ao ano.
Durante participação em evento do Goldman Sachs, em Washington, David reforçou ainda que, caso o Banco Central precise “corrigir” a Selic “para cima ou para baixo”, isso será feito.
Às 13h35 — já após os comentários do diretor do BC — a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu 14,030%, em alta de 4 pontos-base, enquanto perto do mesmo horário a taxa para janeiro de 2035 marcou 13,655%, em queda de 13 pontos-base.
De acordo com a analista Laís Costa, da Empiricus Research, o mercado tem procurado indícios de mudanças na postura do Banco Central — o que não tem ocorrido, como mostrou a fala de David. Em reação, as taxas se fortaleceram na ponta curta da curva e cederam um pouco mais na ponta longa.
“Mais juros hoje, consequentemente menos juros no futuro”, resumiu Costa.
O discurso firme do BC foi reiterado mais tarde pelo diretor de Assuntos Internacionais da instituição, Paulo Picchetti, durante evento do JP Morgan, também em Washington.
Segundo ele, a política monetária está sendo transmitida às taxas de mercado e está funcionando. Picchetti reforçou que o BC está comprometido em seguir com seu trabalho, perseguindo a meta contínua de inflação de 3% e ajustando os juros conforme necessário.
Perto do fechamento da sessão, a curva brasileira precificava em 97% a probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no início de novembro.
No exterior, no fim da tarde os rendimentos dos Treasuries exibiam altas leves. Às 16h35, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 2 pontos-base, a 4,04%.