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Renner: resultados erráticos, desaceleração e ação cortada – LREN3 cai 4% após 3T

7 de novembro de 2025 |
18:53
Imagem: Reprodução

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Após um primeiro semestre de 2025 positivo, a Lojas Renner (LREN3) divulgou resultados abaixo do esperado no terceiro trimestre de 2025 (3T25), levando inclusive a revisões de recomendação. Com isso, os papéis LREN3 fecharam com baixa de 4,19%, a R$ 13,95, na sessão desta sexta-feira (7).

A varejista apresentou desaceleração entre julho e setembro, com crescimento de vendas menor e maior pressão de despesas, levando o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) a ficar abaixo do esperado.

Conforme aponta o Bradesco BBI, o destaque negativo ficou para o crescimento de vendas nas mesmas lojas (SSS), que avançou apenas 3,1% em base anual —abaixo da expectativa do mercado (4,0-5,0%) e da projeção do banco (5,0%).

“A performance foi impactada por clima mais frio e maior exposição à região Sul, dificultando a transição para a coleção de verão”, avalia. A divisão de vestuário desacelerou de 20% no 2T25 para 4,7% no comparativo anual, e a produtividade (vendas/m²) caiu de 18,1% para 3,3%.

A XP também aponta resultados mais fracos no 3º trimestre da Renner, com desaceleração mais acentuada das vendas mesmas lojas (SSS) e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) abaixo do esperado, impactado por maiores despesas com vendas.

“Embora reconheçamos que o clima teve um papel importante para conter o crescimento da receita, os resultados devem aumentar as preocupações dos investidores sobre as perspectivas de crescimento da LREN3, a proposta de valor da C&A e Guararapes está em constante melhoria, e o clima deve continuar sendo um fator adverso de curto prazo”, apontam os analistas.

Além disso, a Renner não detém mais a maior margem bruta no setor de vestuário, posição agora ocupada pela Guararapes (GUAR3), enquanto uma estrutura pesada de SG&A (vendas, gerais e administrativas) tem impedido a empresa de ter maior flexibilidade para lidar com os desafios da receita.

A XP já apontava, antes da abertura do mercado, uma reação negativa das ações, pois os investidores provavelmente adotarão uma postura mais conservadora em relação à dinâmica de crescimento da empresa, o que pode também levar a uma desvalorização das ações. “Contudo, observamos que as ações já estão sendo negociadas com desconto em relação aos pares, então o movimento pode refletir apenas revisões para baixo nos lucros devido ao resultado abaixo do esperado”, avalia.

A margem bruta do varejo, por outro lado, aponta o BBI, foi um ponto positivo, subindo 0,4 ponto percentual (pp) em base anual, refletindo melhor execução de moda e menor nível de estoque antigo. Por outro lado, a menor diluição de despesas levou a um Ebitda ajustado 5,4% abaixo da sua estimativa.

A Realize apresentou bom desempenho, com queda de 1,3 pp nos índices de inadimplência (NPLs) de 90 dias e melhora de 3,2 pp na cobertura, enquanto o fluxo de caixa foi sólido, com geração de aproximadamente R$ 450 milhões no trimestre.

 

 

JPMorgan rebaixa ações

Após os resultados, a Renner teve a recomendação cortada de equivalente à compra para neutra pelo JPMorgan, enquanto o preço-alvo foi reduzido de R$ 19 para R$ 17.

O banco americano apontou que manteve uma postura construtiva em relação ao investimento na Renner, fundamentada em sua liderança histórica no setor, execução superior, ganhos consistentes de participação de mercado em comparação com concorrentes tradicionais listados em bolsa e um balanço patrimonial robusto.

“No entanto, os resultados da Renner têm se tornado cada vez mais erráticos, com o 3T25 refletindo mais uma vez tendências de crescimento fracas, impulsionadas por desafios de execução. Neste trimestre, a diferença nas vendas nas mesmas lojas da empresa em relação aos seus pares — especificamente C&A e Riachuelo (Guararapes) — aumentou ainda mais (3% versus 7-8% nas vendas de vestuário)”, avalia.

“A administração atribuiu o desempenho inferior a problemas de execução, exacerbados por um clima mais quente do que o normal e fortes vendas no 2T, que impactaram negativamente as vendas nas mesmas lojas do 3T em 2-3 pontos percentuais. Mesmo após o ajuste para esses fatores, o crescimento das vendas nas mesmas lojas da Renner ainda fica atrás de seus pares”, aponta a equipe de analistas.

Neste contexto, destaca que ter uma produtividade de área de vendas superior a dos concorrentes não deve ser usado para justificar o desempenho superior dos concorrentes (ou seja, há mais espaço para melhorias por parte dos concorrentes), visto que o mercado está crescendo mais do que a Renner nas áreas em que opera, já que a sobreposição com os concorrentes é alta em shoppings.

“Embora a Renner continue liderando em capacidades operacionais — ostentando centros de distribuição de última geração, uma cadeia de suprimentos integrada e sistemas de TI avançados — observamos preocupações emergindo no desenvolvimento de coleções e uma possível queda na qualidade dos produtos. Isso é evidenciado pelo crescimento do ticket médio da Renner, que consistentemente fica atrás dos concorrentes”, avalia.

Dado o fraco desempenho recente e a menor confiança em uma recuperação rápida, especialmente em relação às tendências de receita, o JPMorgan passou a adotar uma abordagem mais conservadora e rebaixou a recomendação para as ações.

Ao atualizar o modelo para refletir o 3º trimestre de 2025, o JPMorgan cortou a projeção de lucro por ação (EPS) da Renner para 2026 em 3% — o que os coloca de 5% a 10% abaixo do consenso para 2026.

Fonte: InfoMoney