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Prata dispara com “short squeeze” histórico abalando mercado em Londres

13 de outubro de 2025 |
17:08
Imagem: Akos Stiller

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A prata atingiu o maior valor em décadas, impulsionada por um histórico “short squeeze” em Londres, com uma nova alta nos preços que intensifica a busca global por barras que possam aliviar o desequilíbrio entre oferta e demanda.

O preço à vista da prata subiu até 3,9%, ultrapassando US$ 52 a onça, superando o pico da semana passada, enquanto o ouro disparou para um novo recorde acima de US$ 4.115, acumulando oito semanas consecutivas de ganhos. Platina e paládio também avançaram, diante de sinais de que as tensões no mercado causadas pela alta demanda dos investidores começam a se espalhar para outros metais preciosos.

A preocupação com a falta de liquidez em Londres levou a prata a se aproximar do recorde de US$ 52,50, estabelecido em 1980 em um contrato extinto da Chicago Board of Trade. Os preços de referência em Londres dispararam para níveis quase inéditos em relação a Nova York, levando alguns operadores a reservar espaço em voos transatlânticos para transportar barras de prata — um meio de transporte caro, geralmente reservado para o ouro — para lucrar com os preços mais altos em Londres. A sobretaxa estava em cerca de US$ 1,40 por onça na segunda-feira.

As taxas de leasing da prata — que representam o custo anualizado para tomar o metal emprestado no mercado de Londres — saltaram para mais de 30% em base mensal na sexta-feira, gerando custos elevados para quem tenta renovar posições vendidas. As taxas de leasing para ouro e paládio também apertaram, indicando uma pressão maior sobre as reservas de metais preciosos em Londres, após uma corrida para enviar metal a Nova York no início deste ano.

“O mercado de prata é menos líquido e cerca de nove vezes menor que o do ouro, amplificando os movimentos de preço”, escreveram analistas do Goldman Sachs em nota. “Sem uma oferta de banco central para ancorar os preços da prata, até mesmo uma retração temporária nos fluxos de investimento pode desencadear uma correção desproporcional, pois também desfaria a escassez em Londres que impulsionou grande parte da recente alta.”

 

 

Os quatro principais metais preciosos subiram entre 55% e 82% neste ano, em uma valorização que domina os mercados de commodities. O avanço do ouro tem sido sustentado por compras de bancos centrais, aumento das participações em fundos negociados em bolsa e cortes de juros pelo Federal Reserve. A demanda por ativos considerados refúgios seguros também foi impulsionada pelas tensões comerciais entre EUA e China, ameaças à independência do Fed e a paralisação do governo americano.

No domingo, a China pediu a Washington que suspenda as ameaças tarifárias e retome as negociações, alertando que retaliaria caso os EUA avançassem com novas medidas. O presidente Donald Trump — que sugeriu uma tarifa extra de 100% sobre produtos chineses na semana passada — adotou um tom mais conciliatório em declarações no fim de semana. A turbulência nos mercados provocada pelas ameaças tarifárias americanas aumentou a demanda por ativos considerados seguros, como ouro e prata.

Na segunda-feira, analistas do Bank of America elevaram a meta de preço para a prata no final de 2026 de cerca de US$ 44 para US$ 65 a onça, citando déficits persistentes no mercado, déficits fiscais elevados e juros mais baixos.

Os operadores permanecem apreensivos com a conclusão da chamada investigação da Seção 232 da administração americana sobre minerais críticos — que inclui prata, platina e paládio. O receio de que esses metais possam ser alvo de novas tarifas agravou a escassez no mercado, contribuindo para o aperto na prata após uma grande redução das ofertas disponíveis livremente em Londres.

Às 13h40 em Nova York, a prata à vista subia 3,5%, a US$ 51,92 a onça em Londres, enquanto o ouro era negociado a US$ 4.101,94, próximo de um novo pico de US$ 4.117,13. Platina e paládio avançaram mais de 4%.

No Comex, em Nova York, os contratos futuros de prata saltaram até 7%, atingindo recorde de US$ 50,59 a onça. O pico anterior havia sido registrado em 1980, a US$ 50,35, segundo porta-voz do CME Group, atual proprietário do Comex.

 

© 2025 Bloomberg L.P.

Fonte: Bloomberg