As companhia educacionais Cogna (COGN3) e Ânima (ANIM3) divulgaram seus respectivos resultados na noite da véspera, com ambas registrando números sólidos no terceiro. Apesar disso, as ações da Cogna operavam, no começo da tarde, com queda de 4,80%, a R$ 3,57, enquanto a Ânima subiam 6,93%, a R$ 3,55.
Vale destacar que as ações da Cogna acumulam alta de 240% no ano, refletindo a forte recuperação da companhia. Assim, parte dos investidores pode ter embolsado parte dos lucros em 2025. Contudo, cabe ressaltar que as ações da Ânima também têm forte alta no acumulado do ano, de 130%.
Porém, boa parte dos analistas de mercado segue vendo mais espaço para ANIM3 subir, como mostra compilação de análises consultadas pela LSEG. Para COGN3, de 11 casas de análise que cobrem COGN3, 4 recomendam compra e 7 manutenção; já para ANIM3, de 9 casas que acompanham o ativo, 7 recomendam compra e 2 manutenção.
Na avaliação do JPMorgan, a Cogna apresentou mais um bom trimestre no 3T25, com desempenho sólido da Kroton, impulsionado pela elevação dos tíquetes nos cursos presenciais, e forte geração de fluxo de caixa livre. Já os resultados da Vasta ficaram abaixo das estimativas do banco, devido principalmente a fatores pontuais, como a performance mais fraca das vendas ao governo (B2G) e de vendas avulsas. Já a Saber veio em linha com o esperado.
Para o BBI, os resultados da Cogna no 3T25 foram fortes, com crescimento sólido da receita foi sólido. O destaque foi a Kroton, com crescimento de 16%, impulsionado pela forte captação em ensino presencial e a distância, bem como pelo maior valor do ticket médio.
O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) também surpreendeu o BBI, com alta de 10% em relação ao ano anterior, 6% acima das nossas estimativas. A contração de 2 pontos percentuais na margem, para 28%, foi principalmente devido à inadimplência na Kroton no programa de financiamento de calouros Pague Fácil.
A dívida líquida caiu R$ 222 milhões no trimestre anterior, contra R$ 212 milhões de nossas estimativas e R$ 273 milhões no 3T24. O prazo médio de recebimento da Kroton diminuiu 11 dias em relação ao ano anterior, para 34 dias.
A Cogna apresentou resultados sólidos no 3T25, ligeiramente acima do esperado pelo BTG, com receita líquida de R$ 1,52 bilhão e EBITDA ajustado de R$ 423 milhões, refletindo desempenho consistente da Kroton. O lucro líquido ajustado foi de R$251 milhões. O fluxo de caixa livre foi de R$ 300 milhões e a alavancagem caiu para 1,1 vezes Dívida Líquida/EBITDA. Após forte valorização no ano, o preço atual é considerado justo, levando à recomendação neutra, com novo preço-alvo de R$ 4.
O Morgan Stanley avaliou que tanto o volume quanto a receita média por aluno, que cresceu em dois dígitos, mesmo com a estabilidade dos preços, foram impulsionados por uma política de financiamento do PMT (Parcelamento Mensalidades Trimestral) mais agressiva, na qual as primeiras uma a três mensalidades começam a ser pagas apenas a partir do quarto mês.
Segundo o banco, embora essa prática tenha ocorrido no primeiro trimestre de 2025 e já fosse parcialmente esperada, a política foi reforçada no terceiro trimestre de 2025, em antecipação às mudanças regulatórias, impacto que a Cogna (COGN3) não quantifica. O Morgan Stanley destaca que essa estratégia pode resultar em aumento das taxas de evasão no próximo ano, embora o efeito sobre o PDA (Provisão para Devedores Duvidosos) ainda seja incerto.
O relatório também ressalta que o PMT da Cogna, cuja receita corresponde à mensalidade líquida de descontos, com taxa de cobertura de 60%, é consideravelmente mais conservador do que o DIS (Digital Installment Sales) da Yduqs (YDUQ3), em que a receita é cobrada pelo preço integral (de tabela) e a taxa de cobertura é de apenas 20%. O banco manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 4.
Ânima (ANIM3)
A Ânima Educação reportou um forte resultado no 3T25, com receita praticamente em linha com as estimativas, mas margens robustas impulsionando um Ebitda ajustado 4,3% acima da projeção do JPMorgan e 6,2% acima do consenso da Bloomberg. O desempenho foi impulsionado principalmente pela sólida performance da unidade Digital e margens acima do esperado na Inspirali.
A geração de caixa consolidada atingiu R$ 225 milhões no trimestre e R$ 210 milhões nos últimos 12 meses. A alavancagem líquida caiu para 2,4 vezes, frente a 2,5 vezes estimadas pelo JPMorgan. O banco manteve recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 5.
O Bradesco BBI classificou os resultados como positivos e acima do esperado, com sólida geração de fluxo de caixa do acionista (FCFE). A margem EBITDA, excluindo a IFRS 16, foi positiva, com uma melhoria de 2 pontos percentuais em relação ao ano anterior, atingindo 30%, impulsionada pela margem bruta e pela inadimplência. O BBI reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 5.
Segundo o BBA, a Ânima reportou uma captação de recursos surpreendentemente positiva no segmento principal no terceiro trimestre, mantendo um forte aumento no tíquete médio.
No que diz respeito ao ensino à distância, “embora reconheçamos os investimentos da empresa na adaptação ao novo marco regulatório, ainda observamos uma surpresa positiva nas margens”, comenta BBA. “No geral, constatamos uma forte redução sequencial da dívida líquida, mesmo após ajustes para pagamentos de dividendos, fusões e aquisições, e adiantamentos de recebíveis.”
Embora reconheça o desempenho positivo das ações no acumulado do ano (alta de 111%), o banco avalia que todos esses fatores indicam um forte rendimento de fluxo de caixa livre para a empresa. Com isso, o BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 5.


