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Passaporte dos EUA fica fora de ranking dos mais poderosos do mundo pela 1ª vez

15 de outubro de 2025 |
09:21
Imagem: Shutterstock

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O passaporte dos Estados Unidos perdeu duas posições e deixou, pela primeira vez em 20 anos, o grupo dos dez mais poderosos do mundo, segundo o ranking da consultoria Henley & Partners. E edição 2025 do Henley Passport Index, divulgada na terça-feira (14), coloca o documento americano na 12ª colocação, empatado com o da Malásia, com acesso sem visto a 180 dos 227 destinos analisados.

O topo da lista é dominado por países asiáticos: Singapura (193 destinos), Coreia do Sul (190) e Japão (189). O índice, elaborado com base em dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), mede o número de países que cada nacionalidade pode visitar sem visto prévio.

A queda dos EUA foi acelerada por mudanças recentes nas políticas de acesso. O fim da isenção de vistos pelo Brasil em abril, a exclusão do país da lista de isenções da China e ajustes feitos por Papua-Nova Guiné e Mianmar reduziram o alcance do passaporte americano. Decisões posteriores do Vietnã e da Somália consolidaram a saída do top 10.

Para o criador do índice, Christian H. Kaelin, os pequenos ajustes tiveram impacto significativo. “O enfraquecimento do passaporte americano reflete uma mudança profunda na mobilidade global e no equilíbrio do poder brando”, afirmou.

O Reino Unido também registrou seu pior desempenho histórico, caindo da 6ª para a 8ª posição, mesmo após já ter liderado o ranking em 2015.

Um levantamento paralelo da consultoria mostra ainda que os EUA figuram apenas no 77º lugar em abertura a estrangeiros: cidadãos de 46 países podem entrar em território americano sem visto, contra 180 destinos liberados para americanos.

A diferença entre liberdade de viagem e reciprocidade é uma das maiores do mundo. Segundo o estudo, países com grande desequilíbrio entre acesso e abertura, como EUA, Austrália e Canadá, têm visto sua influência na mobilidade global diminuir na última década.

Annie Pforzheimer, do Center for Strategic and International Studies, relaciona o recuo à política externa. “Mesmo antes de um segundo mandato Trump, os EUA já vinham adotando uma postura mais isolacionista, que agora se reflete na perda de poder do passaporte”, disse em relatório.

 

 

Desde o início de 2025, o governo Trump suspendeu a emissão de vistos para viajantes de 12 países da África, Oriente Médio e Sudeste Asiático, impôs restrições a outros sete e ameaçou proibir cidadãos de até 36 nações, a maioria africanas. Também criou uma caução de US$ 5 mil a US$ 15 mil para visitantes de sete países do continente e planeja cobrar uma taxa adicional de US$ 250 na maioria dos pedidos de visto. O custo do sistema eletrônico de autorização de viagem (ESTA) subiu de US$ 21 para US$ 40 em setembro.

 

China sobe posições

Enquanto os EUA perdem mobilidade, a China avança. O passaporte chinês subiu do 94º lugar em 2015 para o 64º em 2025, ampliando em 37 o número de destinos com entrada sem visto. No índice de abertura, o país passou a permitir acesso a 76 nacionalidades, 30 a mais que os EUA. Recentes acordos com Rússia, países do Golfo e da América do Sul, incluindo o Brasil, reforçaram a tendência.

“O retorno de Trump e as tensões comerciais estão enfraquecendo a mobilidade americana, enquanto a estratégia de abertura da China amplia sua influência”, avaliou Tim Klatte, da Grant Thornton China.

 

Cidadania

A perda de força do passaporte americano tem alimentado uma corrida por cidadanias alternativas. A Henley & Partners registrou aumento de 67% nos pedidos de residência e cidadania por investimento feitos por cidadãos dos EUA até o terceiro trimestre de 2025, o maior salto entre todas as nacionalidades.

Segundo Dominic Volek, executivo da consultoria, os americanos buscam “arbitragem geopolítica”, diversificando residência e nacionalidade como forma de reduzir riscos políticos e financeiros.

Fonte: InfoMoney