As ações da Oncoclínicas (ONCO3) sobem com força nesta quarta-feira (27), após a companhia anunciar novo desinvestimento (nesta semana, a empresa vendeu hospital para a Hapvida HAPV3), em linha com sua estratégia de reduzir a alavancagem financeira e concentrar no core business. Às 11h33 (horário de Brasília), os papéis da companhia tinham valorização de 7,99%, cotados a R$ 3,11.
O Goldman Sachs avaliou que a transação tem mérito estratégico, interpretando o anúncio como mais um passo da Oncoclínicas em direção a um balanço mais enxuto por meio da venda de ativos não essenciais.
A companhia anunciou a venda de 84% da sua participação no Complexo Hospitalar Uberlândia (UMC), hospital de alta complexidade em Uberlândia (MG). O movimento segue a alienação do Hospital Marcos Moraes para Hapvida (HAPV3), anunciada na segunda-feira.
De acordo com a casa, o valor do ativo (EV de R$ 160 milhões, equivalente a 0,2 vez a estimativa de EBITDA ajustado de 2025) deve trazer alívio imediato, ainda que modesto, ao balanço da companhia. Além disso, o desinvestimento pode reduzir a exposição da Oncoclínicas a operadoras de saúde que exigem maior capital de giro e apresentam maior risco de inadimplência, potencialmente melhorando a conversão de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em fluxo de caixa livre para acionistas (FCFE) a partir de 2026.
O Goldman destacou que novas alienações de ativos não estratégicos e consumidores de caixa no curto prazo seriam positivas, já que, nas interações com investidores, o elevado nível de endividamento (4,5 vezes dívida líquida/EBITDA ajustado em 2025, considerando passivos de arrendamento) e a geração de caixa pressionada continuam sendo os principais pontos de preocupação sobre a tese de investimento.
O Goldman Sachs reiterou recomendação neutra para Oncoclínicas, com preço-alvo de R$ 4,50 em 12 meses.
O Bradesco BBI também avaliou como positiva a venda do Hospital UMC pela Oncoclínicas, destacando que o ativo representava cerca de 8% do valor de mercado da companhia, mas operava com baixa rentabilidade em meio a um cenário de elevada alavancagem — estimada em 8 vezes o EBITDA do 1º semestre de 2025 anualizado (ex-IFRS 16).
O hospital havia sido adquirido em 2021 por R$ 413 milhões (EV), equivalente a R$ 1,9 milhão por leito e com EBITDA superior a R$ 40 milhões. Agora, o ativo foi negociado a R$ 700 mil por leito, refletindo a deterioração operacional e financeira ao longo do período.
De acordo com o BBI, a transação contribui para reduzir a alavancagem da Oncoclínicas, elimina a queima de caixa das operações não essenciais e mantém a companhia concentrada em sua plataforma principal de oncologia. O banco calculou que, sem o UMC, o EBITDA ajustado do 2T25 teria sido 21% maior, enquanto a dívida líquida deve recuar em torno de 4%, levando a alavancagem para cerca de 7 vezes a relação dívida líquida/EBITDA.


