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Nvidia coloca Wall Street à prova nesta quarta; o que esperar do balanço?

27 de agosto de 2025 |
06:51
Imagem: Reuters

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Os investidores respiram mais aliviados nesta semana depois que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou que cortes nos juros estão a caminho. Mas o próximo grande teste para o mercado de ações virá nesta quarta-feira (27) após o fechamento da bolsa americana: o balanço da gigante Nvidia (BDR: NVDC34).

Investidores esperam que a empresa acalme temores sobre os gastos com IA e confirme que o recente rali da bolsa não é apenas mais uma bolha tecnológica.

“A Nvidia é crucial para o mercado porque qualquer sinal de força adicional será o combustível que pode incendiar a bolsa”, disse Eric Beiley, diretor executivo de gestão patrimonial da Steward Partners.

“O risco é que todo esse investimento em IA já esteja no auge e, se o guidance for cauteloso, isso pode estremecer os mercados”, alertou Beiley, que disse ter posição na empresa, e que começou a montar hedge após a forte valorização das ações.

As ações da Nvidia subiram 1,09% na terça-feira (26), na terceira sessão de alta após três quedas consecutivas. No pré-mercado desta quarta, vai a US$ 182, cerca de US$ 1 abaixo da máxima de US$ 183,16 registrada em 12 de agosto.

A Nvidia é hoje a empresa de maior peso no S&P 500, com quase 8% de participação, e está no centro do desenvolvimento da IA. Cerca de 40% da sua receita vem de Meta (M1TA34), Microsoft (MSFT34), Alphabet (GOGL34) e Amazon (AMZO34) — todas entre as dez maiores do índice. Isso faz com que seu relatório trimestral e suas projeções sejam um evento de forte potencial para mexer com o mercado.

 

O que esperar do resultado?

Analistas de Wall Street esperam US$ 1,01 de lucro ajustado por ação no segundo trimestre fiscal, alta de 48% sobre o ano anterior, com receita de US$ 46 bilhões, 54% acima do mesmo período de 2024.

Mas o risco é: um resultado mais fraco — real ou apenas percebido assim — pode frear o rali e pesar sobre o mercado. Traders de opções precificam um movimento de cerca de 6% para qualquer lado, segundo dados da Bloomberg.

“A pressão ainda é muito intensa”, disse Kim Forrest, CIO da Bokeh Capital Partners. “Grande parte do mercado nos últimos anos se sustentou em Nvidia e suas parceiras. Estou um pouco nervosa.”

Embora haja expectativa positiva, investidores não estão totalmente no escuro. As big techs clientes da Nvidia divulgaram resultados sólidos nesta temporada de balanços, incluindo planos de aumentar os bilhões já destinados a investimentos. Isso tende a apoiar as receitas e perspectivas da fabricante de chips.

“Muitas vezes a Nvidia reporta em momentos de dúvida sobre tecnologia, e isso tem acontecido nas últimas semanas”, disse Art Hogan, estrategista-chefe da B. Riley Wealth. “A Nvidia pode ser um catalisador positivo.”

 

 

Valuations nas alturas

Com cortes de juros à vista, ações de crescimento como Nvidia tendem a se beneficiar. Mas isso não elimina a preocupação com avaliações esticadas. O S&P 500 negocia a cerca de 22 vezes o lucro projetado, acima da média de 10 anos (19x). Já a Nvidia está em 34x, abaixo da sua média de 39x nos últimos cinco anos.

“Os valuations estão em nível de vertigem”, disse Beiley. “Mesmo assim, investidores continuam ignorando isso, confiantes de que as queridinhas da IA seguirão entregando resultados estelares.”

Um dos maiores desafios da Nvidia é a China. O governo Trump recentemente permitiu que Nvidia e AMD retomassem vendas no país desde que entreguem 15% da receita ao Tesouro dos EUA. Mas Pequim reagiu, pedindo que empresas locais evitem o chip H20, desenvolvido para o mercado chinês. Segundo o site The Information, a Nvidia chegou a instruir fornecedores a suspender a produção do modelo.

 

Mercado sob pressão

O clima era de fraqueza até sexta-feira (22), com o índice S&P 500 acumulando cinco quedas consecutivas — sua pior sequência desde janeiro — em meio à cautela de Wall Street quanto a cortes nas taxas do Fed. Os comentários de Powell dissiparam as preocupações, levando o S&P 500 ao seu melhor desempenho desde maio e a menos de dois pontos de um recorde histórico.

Mas, na segunda-feira (25), veio outro fator de preocupação: o anúncio de demissão da diretora do Fed Lisa Cook, em mais um capítulo da sequência de pressões de Donald Trump pelo controle do banco central mais importante do mundo.

Agora, a expectativa é de uma nova fonte de catalisador para os mercados – para cima ou para baixo. Para analistas do Goldman Sachs e do Deutsche Bank, com o VIX nas mínimas do ano e o dólar em queda, há muitos sinais de que a calmaria não vai durar.

“[A bonança do mercado] foi realmente por causa dos lucros, em particular de algumas empresas muito específicas — as ‘Sete Magníficas’ e alguns bancos — que puxaram o mercado para cima”, disse Christian Mueller-Glissmann, chefe de pesquisa de alocação de ativos do Goldman, em entrevista à Bloomberg TV.

 

De olho na inflação

Apesar das tensões, Wall Street segue confiante. Na última semana, ao menos nove analistas elevaram os preços-alvo da Nvidia, colocando a média acima de US$ 194, cerca de 9% acima do fechamento de sexta-feira (US$ 178).

Ainda assim, o relatório da Nvidia não será o único catalisador. O mercado também aguarda na sexta os números do índice de gastos com consumo (PCE), medida de inflação preferida do Fed. Mas é a fabricante de chips que domina as preocupações de Wall Street.

“Estou preocupado”, disse Beiley. “A economia enfrenta tarifas e desaceleração no emprego. Essas ações caras estão maduras para uma queda enorme caso haja qualquer má notícia — e isso ameaça o mercado como um todo.”

(com Bloomberg)

Fonte: Agências de notícias