A maioria das empresas brasileiras já usa agentes de inteligência artificial, em um movimento que repete a tendência internacional de adesão a esse tipo de tecnologia no ambiente corporativo. Mais dispostas a investir em IA, decisores têm, inclusive, realocado orçamentos em direção a aplicações do tipo.
São dados reunidos pela pesquisa “Retorno do investimento (ROI) em IA”, realizada pela National Research Group a pedido de Google Cloud — controlado pela Alphabet (GOGL34). O estudo foi realizado globalmente e tem recortes para Brasil e México ouvindo executivos de companhias com mais de 100 funcionários e receita anual superior a US$ 10 milhões.
No Brasil, 62% das lideranças ouvidas — desde CEOs até diretores — afirmam usar agentes de inteligência artificial em suas operações. Para a líder de engenharia de soluções em IA no Google Cloud para a América Latina, Fernanda Jolo, o dado demonstra uma alta adesão dos brasileiros à tecnologia em comparação aos resultados globais.
“Tem muito a ver com o indivíduo brasileiro, ele é muito de utilizar e ser early adopter [pessoas que adotam novas tecnologias antes da maioria] das ferramentas e já começou usando muito os agentes de IA no seu dia-a-dia no ano passado”, conta. “Agora, as pessoas estão levando todas essas capacidades para dentro das empresas, até porque muitas das companhias estão mais seguras, porque contam com ferramentas que permitem utilizar IA de forma massiva.”
Segundo o levantamento, aqueles que adotaram agentes de IA mais antecipadamente, chamados de early adopters, têm maior probabilidade de garantir um retorno sobre o investimento (ROI, na sigla em inglês), dos valores aportados em agentes de inteligência artificial.
Quase todos os executivos ouvidos no Brasil e no México dizem registrar retornos sobre investimentos em ao menos um caso de uso de IA generativa, sendo 93% deles. É um valor superior ao da média na América Latina, em 79%.
Agentes de inteligência artificial são modelos de grande linguagem (LLM, na sigla em inglês) capazes de planejar, raciocinar e executar tarefas de forma independente. Eles podem, por exemplo, criar textos, imagens, desenvolver códigos ou prestar atendimento a clientes.
Gigantes da tecnologia como o Google apostam nos agentes como a principal aplicação da IA generativa em empresas. A maior percepção de retorno sobre os investimentos de IA está atrelado à produtividade individual dos funcionários, indica o estudo: “Saltamos de 37% para 43% na América Latina. Não temos especificamente de Brasil, mas foi o maior salto quando a gente olha por cada um dos use cases na percepção de ROI gerado”, diz Jolo.
Embora a maior parte do retorno sobre o investimento em IA seja observado na produtividade dos funcionários, Fernanda Jolo observa que há um crescente uso das ferramentas em processos ligados ao produto ou serviço oferecido pela empresa e isso tende a impactar a própria produtividade individual. “mesmo quando você mexe em algum processo, você também acaba impactando a produtividade individual aí.”
Gastos com IA aumentam e o orçamento está migrando de outras áreas
Globalmente, o estudo entrevistou mais de 3,4 mil líderes de empresas globais em 24 países, todas onde foram implantados recursos de IA generativa. Nesse universo, 52% dos executivos relataram que suas organizações estão usando ativamente agentes de IA, nível inferior à implantação na América Latina.
Boa parte dos gastos com IA generativa nas organizações aumentou, enquanto os custos de tecnologia caíram — 77% dos respondentes no mundo. Segundo o levantamento, 58% dos executivos relatam que sua organização está alocando um novo orçamento para financiar investimentos em IA generativa, enquanto 48% realocam orçamento não relacionado à IA para financiar investimentos em IA generativa.
É um avanço do indicador na comparação com 2024, quando 44% responderam estar deslocando dinheiro de outras áreas para iniciativas de IA. No Brasil, o número é de 43% em 2025.
“Vamos supor: investimento de marketing está indo para IA. Sim, mas dentro da IA eles estão investindo em muitas coisas que vão voltar para marketing no fim das contas. Geração de conteúdo com IA, geração de imagem com IA, otimização de recomendação para clientes”, pondera Jolo. “No Brasil o destaque é mais para o orçamento novo, 60% dizem estar trazendo orçamento completamente novo para IA.”
