O Magazine Luiza (MGLU3) encerrou o terceiro trimestre deste ano (3T25) com lucro líquido de R$ 84,6 milhões, uma queda de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado (3T24), quando havia registrado R$ 102,4 milhões. O lucro líquido ajustado, que desconsidera itens não recorrentes, ficou em R$ 21,2 milhões, retração de 69,8% na comparação com o 3T24. As informações foram divulgadas pela empresa em balanço financeiro nesta quinta-feira (6).
O resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 807,4 milhões, aumento de 13,2% sobre o ano passado. A margem Ebitda subiu de 7,9% para 8,9%, mostrando um ganho de eficiência nas operações, mesmo com leve recuo nas vendas totais. O Ebitda ajustado, que exclui efeitos pontuais, foi de R$ 711,4 milhões, praticamente estável frente aos R$ 717,6 milhões de um ano antes.
Dados da companhia apontam que a receita bruta atingiu R$ 11,3 bilhões, avanço de 1,4% em relação ao 3T24. Já a receita líquida somou R$ 9,02 bilhões, crescimento de 0,3%. O lucro bruto foi de R$ 2,84 bilhões, mantendo a margem em 31,5%, o mesmo patamar do ano anterior.
No acumulado dos nove primeiros meses deste ano, o lucro líquido foi de R$ 73 milhões, queda de 52,6% frente aos R$ 153,9 milhões de igual período de 2024. O lucro líquido ajustado chegou a R$ 58,9 milhões, ante R$ 137,4 milhões no ano anterior, uma redução de 57,1%. Mesmo com a retração, o Ebitda total cresceu 9,9% no acumulado do ano, atingindo R$ 2,25 bilhões, com margem de 8,2%.
Ao InfoMoney, Lucas Ozório, gerente de relações com investidores do Magalu, afirma que os juros tiveram o maior peso sobre o resultado do período. A taxa avançou mais de 40% em relação ao ano anterior, passando de 10% no terceiro trimestre de 2024 para 15% neste ano. Apesar disso, ele diz que as vendas permaneceram estáveis, assim como a margem bruta e o nível de endividamento. O que realmente mudou, destaca Ozório, foi a despesa financeira, que aumentou de 4% para 5,4% no período.
“Mesmo assim, estamos com uma pressão grande, porque precisamos manter uma operação em que as linhas de cima (vendas, despesas e custos) consigam sustentar essa despesa financeira e ainda gerar lucro. E conseguimos”, diz. “É muito difícil uma varejista conseguir lucro em um ambiente como esse, então estamos muito orgulhosos de apresentar mais um trimestre consecutivo de resultado positivo. Isso é fruto do controle rigoroso de despesas, do aumento da margem de mercadorias e também do crescimento de serviços”, completa.
Foco em rentabilidade
As vendas totais, que incluem lojas físicas e canais digitais, somaram R$ 15,1 bilhões no trimestre, leve queda de 2,6% em comparação ao 3T24. O e-commerce respondeu por 68,6% das vendas totais, dois pontos percentuais abaixo do mesmo período de 2024.
As vendas nas lojas físicas cresceram 5,2%, mostrando retomada gradual do fluxo presencial. Já o comércio eletrônico próprio (1P) recuou 1,7%, e o marketplace (3P) teve queda de 11,7%, refletindo uma competição mais intensa em tíquetes mais baixos e foco maior da empresa em produtos rentáveis.
O marketplace continua sendo uma peça importante dentro do ecossistema digital da Magazine Luiza, mas a empresa diz que prefere enxergá-lo como parte de um conjunto, e não de forma isolada. Ozório explica que a concorrência nesse canal foi mais acirrada nos tíquetes menores, o que levou a companhia a ajustar a estratégia: em vez de disputar vendas de baixo valor, o foco passou a ser em produtos com margens mais altas e maior rentabilidade.
“Com esse foco em rentabilidade, o tíquete médio aumentou, fortalecendo a presença da companhia em faixas de preço que trazem resultados mais positivos. Naturalmente, quando se priorizam tíquetes mais altos, o volume de vendas tende a ser um pouco menor. Ainda assim, conseguimos crescer e ganhar participação de mercado”, diz.
O número de lojas permaneceu estável em 1.245 unidades, e a área total de vendas foi de 680,3 mil metros quadrados, leve redução de 1,8% em relação a um ano antes.
Crédito e entregas
A MagaluPay, braço financeiro do grupo, ganhou força no trimestre. Dentro dela, a LuizaCred registrou lucro líquido de R$ 68 milhões, reúne 6 milhões de cartões e mantém uma carteira de R$ 20 bilhões com inadimplência sob controle. O foco segue em clientes adimplentes, preservando a qualidade do crédito.
O Magalu Consórcio administra R$ 10 bilhões em ativos e teve lucro de R$ 16 milhões no período. Já as divisões MagaluPay Instituição Financeira e MagaluPay Instituição de Pagamentos seguem ampliando o alcance do crédito e da conta digital dentro do ecossistema.
A Magalog, operação logística do grupo, completou um ano atendendo mais de 100 empresas, entre elas Renner, Arezzo, Insider, C&A e L’Occitane.
Para Ozório, a expansão tem efeito duplo: gera nova receita e melhora a eficiência das entregas, que se tornam mais rápidas e baratas. Só no trimestre, segundo ele, a Magalog realizou mais de 5,5 milhões de entregas para clientes externos. Somando as operações internas, o número de pedidos entregues no ano já ultrapassa 14 milhões.


