Depois de se consolidar como o principal aplicativo de delivery do Brasil — e em meio a um iminente crescimento de concorrência — o iFood faz uma novo movimento para aumentar sua presença fora dos celulares. A empresa anunciou nesta segunda-feira (2) a compra do software para totens de autoatendimento em restaurantes da Videosoft.
O negócio envolve apenas a compra do ativo, e não de participação na Videosoft, que segue fornecendo o hardware dos totens e soluções de tecnologia para outros setores, como academias e laboratórios.
“Começamos a olhar bastante para o mundo físico no meio do ano passado”, diz o diretor do iFood da área de soluções para o salão do restaurante, Leandro Viana. “Conseguimos ajudar bastante os restaurantes na digitalização do delivery. Aí quisemos entender como podemos aportar valor em tecnologia par ao mundo físico”, diz.
A compra do software da Videosoft partiu da avaliação de que os totens são o mais próximo de um canal digital no mundo físico dos restaurantes. O iFood se aproximou da desenvolvedora em julho do último ano e, em outubro, começou a rodar testes, hoje em mais de 500 restaurantes — a base da Videosoft tem mais de 2 mil restaurantes atendidos.
Há menos de um mês, a companhia havia concretizado a aquisição de outras três empresas de sistemas de gestão de restaurantes: Opdv, a Saipos e a 3S Checkout.
Em 2024, também já havia lançado a “Maquinona”, uma máquina de cartões integrada ao delivery do iFood que reúne, em uma única interface, os dados das vendas no salão e no app, oferecendo mais controle, eficiência, inteligência na gestão do negócio e cashback para o cliente voltar a consumir no estabelecimento
Como a Videosoft continua vendendo o hardware, o iFood vende o software e faz o intermédio para que clientes comprem a parte física com a parceira. O caminho inverso também é possível: comprar o hardware da Videosoft e até mesmo usar um software proprietário ou de um concorrente.
Cada um desses totens custa de R$ 800 a R$ 900 por mês aos proprietários de restaurantes, considerando software, hardware e manutenção. Restaurantes fora da plataforma do iFood também poderão contratar o serviço.
A ideia do iFood é tornar os totens, já populares em grandes cadeias de fast-food, em outros perfis de restaurante: “lojas de rua, não necessariamente estabelecimentos muito pequenos, mas estabelecimentos grandes, mas que não são aquelas grandes redes onde a gente já viu os totens”, explica Viana.
Por enquanto, culinárias rápidas como pastéis e hambúrgueres têm se beneficiado mais da ferramenta. A ideia é que com a redução das filas haja aumento de faturamento e ticket médio, já que os totens permitem oferta complementar de outros produtos no pedido.
Viana descarta que o autoatendimento leve à redução de custo com mão de obra. “Apesar do óbvio ser redução de custo, o que eles dizem [Videosoft] não é redução de custo, não é restaurante reduzindo o quadro” conta. “Muitas vezes o restaurante consegue realocar essas pessoas para outras atividades e aumentar o faturamento.”
As principais praças para testes ainda são as grandes cidades, como São Paulo, Campinas, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre. O eixo Sul-Sudeste está sendo priorizado por estar mais próximo à operação da Videosoft, o que permite melhor capacidade logística e de manutenção.
Os movimentos do iFood ocorrem em meio à chegada de concorrentes com estratégias agressivas no delivery.
A Meituan, gigante de tecnologia avaliada em mais de R$ 600 bilhões na Bolsa de Hong Kong, anunciou entrada oficial no delivery brasileiro, com um plano de investimento de R$ 5,6 bilhões para os próximos cinco anos.
A brasileira de controle chinês 99 anunciou, no último mês, a ressurreição de seu braço de entrega de comida no Brasil com um plano de investimento de R$ 1 bilhão e promessa de taxas zero para os restaurantes.
A Rappi logo seguiu o mesmo caminho.


