Depois da derrota da Medida Provisória 1.303, chegou a hora do governo correr atrás do prejuízo. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a equipe econômica e o Executivo começarão a trabalhar em alternativas à medida que taxava investimentos, com o objetivo de resolver o impasse orçamentário.
Os cálculos do Ministério da Fazenda indicam que a proposta, que substituiria o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), teria impacto fiscal de R$ 14,8 bilhões em 2025 e de R$ 36,2 bilhões em 2026, considerando as novas receitas previstas e os cortes de despesas.
O ministro deixou de viajar para Washington, onde acontecem nesta semana as reuniões do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e G20, para preparar as medidas compensatórias que devem ser apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir desta quarta-feira (15).
Nos bastidores, circulam especulações sobre possíveis aumentos de impostos via decreto, mas a resistência no Congresso torna essa alternativa arriscada. O clima é tão contrário a novas taxações que qualquer decreto poderia ser alvo de intenso debate e correr o risco de ser derrubado, como ocorreu com o IOF.
Uma das possibilidades seria transformar o conteúdo da MP em um projeto de lei, priorizando medidas com maior potencial arrecadatório — como a limitação das compensações tributárias — ou ainda incorporar parte das propostas a textos já em tramitação no Congresso. Outra opção em análise é o aumento da alíquota do IOF, o que permitiria recuperar parte do valor previsto, excluindo as operações consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Também está no radar do governo a ampliação dos dividendos pagos por estatais. O orçamento de 2026 já prevê R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários, mas haveria espaço para elevar esse montante em até R$ 5 bilhões adicionais.
Por fim, outra frente seria o aumento da arrecadação com leilões de petróleo. A Lei nº 15.164/25 autoriza o governo a gerar receitas com a licitação de campos sob o regime de partilha, e os leilões já previstos para 2026 podem render R$ 31 bilhões. A realização de rodadas extras ajudaria a compensar a perda de arrecadação decorrente da medida provisória.
Lula também adiantou que pretende discutir formas de garantir que o sistema financeiro — em especial as fintechs — pague os impostos devidos ao país.
Ibovespa
Os investidores também avaliam os dados de vendas no varejo, que serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) agora de manhã.
No último pregão, o Ibovespa (IBOV) terminou com queda de 0,07%, aos 141.682,99 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4700, com alta de 0,14%.
O iShares MSCI Brazil (EWZ), o principal fundo de índice (ETF) brasileiro em Nova York, subiu 0,3% no after-market de ontem, cotado a US$ 29,11.
Mercados internacionais
Na Ásia, as bolsas encerraram o pregão em alta. Na Europa e nos Estados Unidos, os principais índices e os futuros de Nova York também operam no positivo nesta manhã.
Lá fora, o mercado segue atento à instabilidade provocada pela escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Os investidores também repercutem as declarações de Jerome Powell no evento da National Association for Business Economics (NABE).
O presidente do Federal Reserve afirmou que a economia dos EUA está, em geral, em uma trajetória um pouco mais firme do que o esperado, e reiterou que o futuro da política monetária será definido “reunião a reunião”.
Mesmo assim, o mercado mantém a aposta em mais um corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos. Segundo a ferramenta CME FedWatch, 95,7% dos investidores esperam que o Fed reduza a taxa para o intervalo de 3,75% a 4%, enquanto 4,3% projetam manutenção.
Mais tarde, será divulgado o Livro Bege, relatório que detalha as condições econômicas regionais dos EUA. Já a publicação dos dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) foi adiada devido ao shutdown do governo americano.
Na zona do euro, a produção industrial caiu 1,2% em agosto, após alta de 0,5% em julho, desempenho melhor do que o esperado, que previa queda de 1,6%. Na comparação anual, a indústria europeia registrou crescimento de 1,1%.
Petróleo
Os preços do petróleo avançam nesta manhã, após as perdas do último pregão.
Criptomoedas
As criptomoedas operam no positivo. O bitcoin (BTC) é negociado nos US$ 112 mil, apresentando uma alta de 1,2%. Já o ethereum (ETH) avança 4,5% e é negociado nos US$ 4.100.
Agenda: Veja a programação para hoje
Indicadores econômicos
- 06h – Zona do euro – Produção industrial
- 09h – Brasil – Vendas do varejo restrito
- 09h30 – EUA – Índice de atividade industrial Empire State
- 14h30 – Brasil – Fluxo cambial semanal
- 15h – EUA – Livro Bege
Agenda – Lula
- 08h – Partida para o Rio de Janeiro
- 09h30 – Chegada ao Rio de Janeiro
- 10h40 – Cerimônia de Comemoração pelo Dia dos Professores e de anúncios relativos ao Programa Mais Professores para o Brasil
- 13h – Partida para Brasília
- 14h30 – Chegada a Brasília
Agenda – Fernando Haddad
- A agenda do ministro não foi divulgada
Agenda – Gabriel Galípolo
- 08h – Participa de Reunião do Steering Committee do Financial Stability Board (FSB), em Washington D.C., EUA
- 10h30 – Reunião com Oliver Jenkyn, Presidente do Grupo Visa para Mercados Globais, e Robert Thomson, Vice-Presidente Sênior de Relações Governamentais Globais do Grupo Visa, em Washington D.C., EUA
- 12h30 – Participa das Reuniões Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington D.C., EUA
- 15h45 – Reunião com Martin Gilbert, Chairman da Revolut, Adam Gagen, Chefe Global de Assuntos Governamentais da Revolut, e Logan Wyatt Elder, Chefe de Assuntos Regulatórios e Governamentais para os EUA da Revolut, em Washington D.C., EUA
- 16h15 – Reunião com André Roncaglia, Diretor Executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington D.C., EUA
- 19h – Participa de Reunião de Ministros das Finanças e de Presidentes de Bancos Centrais do G20, em Washington, D.C., EUA
Confira os mercados na manhã desta quarta-feira (15)
Bolsas asiáticas
- Tóquio/Nikkei: +1,78%
- Hong Kong/Hang Seng: +1,84%
- China/Xangai: +1,22%
Bolsas europeias (mercado aberto)
- Londres/FTSE100: -0,56%
- Frankfurt/DAX: +0,22%
- Paris/CAC 40: +2,44%
Wall Street (mercado futuro)
- Nasdaq: +0,76%
- S&P 500: +0,53%
- Dow Jones: +0,33%
Commodities
- Petróleo/Brent: +0,03%, a US$ 62,41 o barril
- Petróleo/WTI: +0,15%, a US$ 58,79 o barril
- Minério de ferro: -1,46%, a US$ 108,96 a tonelada em Dalian
Criptomoedas
- Bitcoin (BTC): +1,2%, a US$ 112.543
- Ethereum (ETH): +4,5%, a US$ 4.154,23