O dólar fechou com forte alta ante o real nesta sexta-feira (10), com os agentes reagindo mal a temores fiscais renovados. O mercado ainda esperava por novas medidas do governo para recompor receitas após a derrota da MP 1.303 no Congresso, enquanto avaliava falas de autoridades em evento de lançamento do novo crédito imobiliário.
Além disso, o dólar volta a exercer pressão após novas ameaças tarifárias de Donald Trump, que atinge a Bolsa e cria novo gatilho para saída de recursos estrangeiros do Brasil. Na máxima do dia, moeda bateu os R$ 5,51.
“Os catalisadores da sessão de hoje foram notícias de que o governo estuda um “pacote de bondades” de R$ 100 bilhões para 2026, ano eleitoral, sem definição clara de como financiar as medidas — um aceno populista que reacendeu o temor de deterioração das contas públicas”, afirma Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar à vista subiu 2,38%, aos R$ 5,503 na venda. Na B3, o dólar para novembro – atualmente o mais líquido no Brasil – avançava 1,54%, aos R$ 5,489.
Dólar comercial
- Compra: R$ 5,503
- Venda: R$ 5,503
Dólar Turismo
- Venda: R$ 5,418
- Compra: R$ 5,598
O que aconteceu com dólar hoje?
A forte alta do dólar reflete preocupações com o cenário fiscal brasileiro e maior aversão ao risco após Donald Trump ameaçar elevar tarifas sobre produtos chineses, segundo Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank.
Na mesma linha, Marianna Costa, economista da Corretora Mirae Asset, destacou que o desempenho da moeda norte-americana, reflete as incertezas sobre o cenário fiscal no Brasil. “Com a derrubada da MP 1303, há o entendimento que será necessário ao Governo buscar medidas alternativas para compensar a perda de arrecadação anteriormente prevista”, comenta.
Segundo Costa, entre as possibilidades está a elevação da alíquota do IOF, que poderia impactar operações de câmbio e crédito, especialmente após o STF confirmar que o governo pode aumentá-lo sem aprovação do Congresso.
No exterior, o dólar registrava perdas ante a maior parte das demais divisas, incluindo o iene e o euro, moedas que nos últimos dias foram pressionadas pelas turbulências políticas no Japão e na França.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo indicou que o pacote de medidas para 2026 poderia somar R$ 100 bilhões, sem que as receitas estejam garantidas. Na conta há medidas como a ampliação da isenção do Imposto de Renda, a distribuição de gás de cozinha, a isenção nas contas de energia para uma parcela das famílias e o pagamento de bolsas para estudantes — todos os programas já anunciados anteriormente pelo governo.
Ainda que não haja novas medidas, os agentes demonstraram preocupação nesta manhã de sexta-feira que o ano de 2026 seja, de fato, marcado por ações para mudanças na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com impacto negativo para as contas públicas.
No Brasil, o governo anunciou nesta sexta-feira mudanças nas regras do crédito imobiliário, prevendo o fim gradual do direcionamento obrigatório dos depósitos nas cadernetas de poupança a essa modalidade de financiamento e também o fim dos depósitos compulsórios no Banco Central de parcela dessas aplicações.
O novo modelo deverá ter plena vigência a partir de janeiro de 2027, após um período de transição, segundo nota do Palácio do Planalto.
Atualmente, 65% dos depósitos da poupança precisam ser direcionados ao crédito imobiliário e outros 20% são obrigatoriamente recolhidos no BC. Durante a transição, o volume dos compulsórios será reduzido para 15%.
Em outra iniciativa, o governo anunciou a elevação do valor máximo do imóvel financiado pelo Sistema Financeiro de Habitação para R$2,25 milhões, de R$1,5 milhão em vigor atualmente.
(Com Reuters)