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Big techs apostam em novo regime tributário para turbinar data centers no Brasil

5 de novembro de 2025 |
06:51
Imagem: Reprodução

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Algumas das maiores empresas globais de tecnologia estão de olho na principal mudança tributária do setor de data centers no país. Sob a expectativa de uma redução de alíquota efetiva superior à projetada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), executivos de Oracle (ORCL34) e Nvidia (NVDC34) acreditam que o Brasil deve ganhar competitividade em nível internacional e se equiparar a grandes centros do segmento.

Do lado operacional, a isenção de tributos sobre a importação dos equipamentos necessários para colocar um data center em pé é o ponto central do Redata para as big techs, como ficou batizado o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter. A expectativa é que o custo dos equipamentos mais sofisticados responsáveis pelo poder de processamento desses espaços caia até próximo da metade.

A Nvidia, maior fornecedora dos processadores mais modernos dedicados à inteligência artificial que a alçaram ao posto de uma das empresas mais importantes do mundo, pode servir de exemplo. A companhia não vende diretamente suas GPUs para os grandes provedores de nuvem — como Microsoft, Amazon, Google e Oracle –, mas para parceiros que reúnem esses computadores em servidores.

Hoje, um servidor com cerca de oito GPUs dos modelos mais modernos da Nvidia chega ao Brasil por volta de US$ 600 mil. A partir do dia 1º de janeiro de 2026, quando passam a ter efeito as regras do Redata, a expectativa é que essa mesma estrutura seja adquirida no Brasil por US$ 330 mil.

“É um impacto muito grande. E aí, a gente vai ficar praticamente no mesmo nível, ou até melhor no custo por token do que outros países, porque a nossa energia é mais barata”, afirma o diretor de GSI da divisão enterprise da Nvidia para a América Latina, Marcel Saraiva. Os tokens são unidades pequenas de dados fruto da quebra de informações maiores. Trilhões deles são produzidos por segundo nos data centers e o custo para produzir todo esse volume é uma importante métrica comparativa da competitividade dos data centers.

 

 

Estima-se que o custo da energia no Brasil seja o equivalente a um quarto do valor do insumo nos Estados Unidos. A disponibilidade de espaço para construção é outro ponto destacado por executivos, que ponderam sobre a força de trabalho no país. “A mão de obra, ok. Temos um desafio para aumentar a capacidade e quantidade de pessoas para trabalhar com isso, mas impostos eram um problema”, aponta Saraiva.

São alguns dos elementos que embasam a expectativa de atração de novos empreendimentos em um ritmo alto no Brasil já nos próximos anos. Um documento publicado pela Anatel estima investimentos de até R$ 2 trilhões em data centers no país pelos próximos dez anos e benefícios tributários de até R$ 701 bilhões. Os investimentos, avaliam, podem quadruplicar a capacidade de processamento na região, de 800 megawatts para até 3 gigawatts.

Para executivos do segmento, no entanto, o potencial de investimento é até maior. O presidente da Oracle Brasil, Alexandre Maioral, acredita que a atração seja superior a R$ 2 trilhões. “Com o Redata saindo, temos uma redução significativa de vários impostos. Normalmente, temos mais de 50% em impostos”, afirmou Maioral em uma entrevista ao InfoMoney no evento Oracle AI World.

Estimativas da Anatel apontam para uma redução da alíquota efetiva pela aquisição de equipamentos de tecnologia na casa de 34%. Pode ser ainda maior com deduções de ICMS em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. “Com o Redata e com alguns estados olhando para o ICMS, fazendo isenção do ICMS, nos igualamos às tarifas dos Estados Unidos, em Phoenix, no Texas. Então, vira realmente competitivo”, afirma Maioral.

Fonte: InfoMoney