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Argentina: Trump celebra vitória de Milei e diz que os EUA “ganharam muito dinheiro”

27 de outubro de 2025 |
09:06
Imagem: Reuters

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou Javier Milei após o partido do presidente argentino conquistar uma vitória de recuperação nas eleições de meio de mandato neste domingo, resultado visto como confirmação do apoio financeiro extraordinário oferecido por Washington ao seu aliado sul-americano.

“Foi uma grande vitória”, disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One nesta segunda-feira, referindo-se ao desempenho do partido de Milei, que obteve a maioria dos votos em uma eleição considerada um teste às medidas agressivas para reformar a economia argentina. “Ele não apenas venceu, venceu por muito”, afirmou.

O apoio de Trump ao colega conservador faz parte de uma estratégia mais ampla para estimular uma guinada política na América Latina, onde há eleições pendentes em vários países. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, liderou uma série de medidas pouco convencionais para estabilizar os ativos argentinos depois de o peso despencar no mês passado, quando o partido de Milei sofreu uma derrota em uma eleição provincial considerada crucial.

A aposta — que envolveu mais de US$ 1 bilhão em compras de pesos, segundo estimativas de mercado — parece ter dado resultado. Se a moeda argentina continuar se valorizando no mesmo ritmo observado nos mercados de criptomoedas após a eleição, os EUA podem registrar ganhos de centenas de milhões de dólares.

“Essa eleição gerou muito dinheiro para os Estados Unidos”, disse Trump. “Os títulos subiram”, acrescentou. “A classificação de crédito do país inteiro subiu.”

A operação representou uma aposta em um país que já deu calote várias vezes nas últimas décadas e ainda deve US$ 55 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Bessent, especialista em câmbio com décadas de experiência no mercado de hedge funds, articulou neste mês um swap cambial de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina — uma estrutura incomum, que dispensou a participação do Federal Reserve, tradicionalmente o agente principal nesse tipo de operação. Ele também vinha trabalhando em um acordo complementar de financiamento de US$ 20 bilhões com bancos do setor privado.

Até a última terça-feira, o peso argentino havia caído para a mínima histórica, e os títulos do país eram vendidos com forte desconto, em meio à cautela dos investidores antes da votação.

 

 

Apesar dos riscos persistirem — o partido de Milei continuará em minoria no Congresso e o país segue altamente endividado —, a manobra de Bessent parece, por ora, mais uma aposta bem-sucedida, décadas depois de sua participação em uma célebre operação contra a libra esterlina.

Bessent indicou nesta segunda-feira que os EUA podem começar a reduzir suas intervenções.

“Agora acredito que o mercado vai se ajustar por conta própria e ganhará confiança nas políticas dele”, disse o secretário do Tesouro, referindo-se a Milei. Ele afirmou também, a bordo do Air Force One, enquanto acompanhava Trump em viagem à Ásia: “Eles terão grandes refinanciamentos no próximo ano, mas o povo argentino já se manifestou.”

Bessent reiterou que o apoio financeiro dos EUA foi concebido como uma “ponte” até o período pós-eleitoral.

Ainda não está claro se a Argentina conseguirá manter o atual regime de câmbio administrado sem o respaldo americano. Muitos analistas especulam que, passada a eleição, Milei pode optar por uma moeda flutuante, o que reduziria a pressão sobre o setor externo.

“O risco é que os formuladores de política da Argentina acreditem que a combinação da vitória política de Milei e do apoio (incondicional?) dos EUA lhes permitirá sustentar um peso forte, mesmo sem ter uma posição externa que o suporte”, afirmou Brad Setser, ex-funcionário do Tesouro e hoje membro do Council on Foreign Relations.

Do ponto de vista político interno, o retorno financeiro da ajuda americana a Buenos Aires pode atenuar críticas recentes no Congresso.

Bessent foi questionado por democratas e alguns republicanos sobre o apoio à Argentina, dada a concorrência entre os dois países na exportação de soja para a China. Pequim suspendeu as compras durante a atual colheita americana, como parte de sua resposta às políticas comerciais de Trump.

Bessent rebateu as críticas.

“Essas compras de soja iriam acontecer de qualquer forma”, disse ele no programa Face the Nation, da CBS, no domingo. “É um mercado global. Os três principais fornecedores são Brasil, Argentina e Estados Unidos.”

 

2025 Bloomberg L.P.

Fonte: InfoMoney