Após três dias consecutivos de ganhos, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam a sexta-feira em baixa, reagindo a dados do mercado de trabalho divulgados pelo IBGE, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries de curto prazo também cediam e os longos subiam.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,145%, em baixa de 11 pontos-base ante o ajuste de 13,255% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,56%, com queda de 10 pontos-base ante o ajuste de 13,659%.
Pela manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o desemprego ficou em 5,6% no trimestre até setembro — a menor taxa da série histórica, mas acima dos 5,5% projetados por economistas em pesquisa da Reuters.
Profissionais ouvidos pela Reuters disseram que o número levemente acima do esperado abriu espaço para redução de prêmios na curva brasileira após três dias de ganhos, em movimento favorecido ainda pelo exterior, onde os rendimentos dos Treasuries também cederam em vários momentos da sessão.
Após os avanços vistos na terça, na quarta e na quinta-feira, a taxa do DI para janeiro de 2028 cedeu à mínima de 13,125% às 15h53 desta sexta-feira, em queda de 13 pontos-base. No encerramento da sessão, a taxa seguia com baixa superior a 10 pontos-base.
O movimento desta sexta-feira, no entanto, não apagou totalmente da curva os avanços vistos nas sessões anteriores, que tiveram a decisão de política monetária do Federal Reserve no foco. Na quarta-feira, o Fed cortou sua taxa de referência em 25 pontos-base, para a faixa de 3,75% a 4,00%, mas não garantiu uma nova redução em dezembro.
Em meio às dúvidas sobre o que o Fed fará, os investidores elevaram as apostas de que a taxa nos EUA ficará estável em dezembro.
Durante a sessão desta sexta, algumas autoridades do Fed reforçaram a percepção de que um corte de juros em dezembro pode não ocorrer.
A presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, que não é membro votante do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) este ano, afirmou que a instituição não deveria ter cortado os juros esta semana e não deveria fazer isso novamente em dezembro.
Já o presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, que é membro votante, afirmou que discordou do corte de juros desta semana por receio de que a inflação alta levante dúvidas sobre o compromisso do banco central com sua meta de inflação, de 2%.
O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que um corte na taxa de juros em dezembro não está garantido.
Neste cenário, às 16h38 o rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha queda de 1 ponto-base, a 3,6%. Na outra ponta, o retorno do papel de 30 anos avançava 2 pontos-base, a 4,667%.
No Brasil, perto do fechamento da sessão regular a curva precificava 98% de probabilidade de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na semana que vem.
No campo fiscal, sem efeitos maiores sobre a curva, o Banco Central informou no início do dia que o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$17,452 bilhões em setembro, em linha com expectativa de economistas consultados em pesquisa da Reuters, de um saldo negativo de R$17,450 bilhões.
Com o resultado, a dívida pública bruta do país como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) fechou setembro em 78,1%, contra 77,5% no mês anterior.


