A primeira semana de novembro será intensa para investidores e analistas, com uma agenda cheia de dados relevantes tanto no Brasil quanto no exterior. As atenções estarão voltadas, principalmente, para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), nos desdobramentos da política monetária dos Estados Unidos e no desempenho da atividade industrial global. Os números devem oferecer novos sinais sobre o ritmo de desaceleração das economias desenvolvidas e o espaço para ajustes nas taxas de juros.

Copom e balanços são destaque no Brasil

A quarta-feira (5) reserva os principais holofotes da semana: o Banco Central anuncia a nova taxa básica de juros, atualmente em 15,00%. O mercado espera sinais sobre o fim do ciclo de aperto monetário e possíveis ajustes futuros. Antes disso, o BC divulga o Índice de Commodities Brasil (IC-Br) e o fluxo cambial semanal, que ajudam a calibrar a leitura sobre a pressão inflacionária e o comportamento das contas externas.

A semana começa com a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgando o IPC-S da semana e o Índice de Confiança Empresarial de outubro, que ajudarão a medir o humor do setor produtivo após meses de oscilação entre otimismo e cautela, na segunda. No mesmo horário, o Banco Central (BC) publica o Relatório Focus, com as expectativas de mercado para inflação, PIB, câmbio e Selic.

Na terça-feira (4), o foco recai sobre a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE referente a setembro, que mostrou avanço de 0,4% na comparação mensal. O dado deve servir de termômetro para avaliar se a recuperação do setor manufatureiro brasileiro se sustenta no último trimestre do ano. Também saem os números de emplacamentos de veículos da Fenabrave e o IPC semanal da Fipe, além de novos indicadores internacionais que podem influenciar o câmbio.

Na quinta-feira (6), a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apresenta o saldo da balança comercial de outubro, com superávit projetado em US$ 6,2 bilhões, indicando ainda forte desempenho das exportações. O dado é visto como fundamental para a sustentação do real em meio à volatilidade global.

A semana doméstica se encerra com a divulgação, na sexta-feira (7), do IGP-DI de outubro, que deve registrar alta de 0,14% no mês, e dos indicadores industriais da CNI relativos a setembro, completando o quadro sobre o desempenho da produção nacional.

Nesta semana, o mercado financeiro brasileiro acompanhará a divulgação dos balanços de 79 empresas, entre elas grandes nomes que prometem influenciar o cenário econômico. Destaque para o Itaú Unibanco (ITUB4), que apresenta seus resultados no dia 4 de novembro, sendo um importante termômetro do setor financeiro ao refletir tendências de crédito e rentabilidade. No dia 6, a Petrobras (PETR4) divulgará seus números, com atenção especial ao impacto das variações nos preços do petróleo e às estratégias para manter produção e investimentos em um ambiente global desafiador.

Shutdown ainda em curso nos EUA

No exterior, a semana começa com a divulgação dos PMIs industriais de outubro na Alemanha, na Zona do Euro e nos Estados Unidos, medidos pela S&P Global. Os números preliminares já indicavam desaceleração e agora serão confirmados nas leituras finais, o que pode reforçar o diagnóstico de fraqueza na indústria global. Nos EUA, o ISM da indústria também será acompanhado de perto por sinalizar a resiliência da manufatura americana frente aos juros elevados.

Os EUA deveriam observar importantes divulgações nesta semana, como dados do mercado de trabalho. No entanto, pelo shutdown ainda em curso, os dados não devem sair. Na terça-feira, seriam divulgados dados importantes sobre a balança comercial dos EUA e o relatório JOLTS, que mostra o número de vagas abertas no mercado de trabalho — ambos observados de perto pelo Federal Reserve como parâmetros para decisões futuras.
A quarta-feira será decisiva para medir o pulso da economia global, com a bateria de PMIs de serviços e compostos na Europa e nos EUA, além do relatório de emprego ADP, o ISM de serviços e a inflação ao produtor na Zona do Euro. Os resultados indicarão se a atividade mundial segue perdendo fôlego e se os bancos centrais terão margem para aliviar suas políticas restritivas.

Na quinta-feira, o Banco da Inglaterra anuncia sua decisão de política monetária, com expectativa de manutenção da taxa em 4,0%, e o Banco Central do México faz o mesmo, devendo manter sua taxa básica em 7,25%. O dia ainda traz dados da produção industrial alemã, vendas no varejo da Zona do Euro e os pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA.

A sexta-feira deveria encerrar, nos EUA, a maratona de indicadores com o aguardado relatório de emprego (payroll), que poderia confirmar a criação de vagas em outubro e uma taxa de desemprego estável.

A China divulgará ao longo da semana o resultado de sua balança comercial de outubro, peça-chave para avaliar o ritmo do comércio internacional e a demanda global por commodities — fator de grande influência sobre o Brasil.

Confira a agenda completa (o calendário não considera suspensões do shutdown nos EUA e apresenta datas que divulgações tradicionalmente seriam realizadas):