Após um decepcionante segundo trimestre, a Ambev (ABEV3) registrou nesta quinta-feira (30) lucro líquido de R$ 4,86 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de 36,4% sobre o desempenho de um ano antes e acima das projeções, beneficiado por efeitos não recorrentes, como a venda de subsidiária na CAC (América Central e Caribe) e ganho judicial no Brasil. Na sessão, as ações da gigante de bebidas subiram 4,66%, a R$ 12,59.
Além do balanço, a Ambev anunciou um programa de recompra de ações de até 208 milhões de ações, correspondente a aproximadamente R$ 2,5 bilhões com base no preço de fechamento de quarta.
O Bradesco BBI avalia que a Ambev divulgou resultados acima das estimativas, embora com qualidade mista. A receita líquida consolidada somou R$ 20,8 bilhões, queda de 5,7% em base anual, em linha com as projeções, enquanto o EBITDA (lucro antes de juros, impostos e depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 7,06 bilhões, estável em base anual, superando a expectativa do banco em cerca de 8%.
O trimestre foi marcado por queda de volumes, com Brasil recuando 7,9%, parcialmente compensada por ganhos de preço e controle de custos e despesas.
Apesar do cenário desafiador para volumes, a companhia mostrou capacidade de proteger margens por meio de gestão eficiente de custos e despesas com vendas, gerais e administrativas, além de iniciativas de premiumização e digitalização. Contudo, o BBI disse continuar atento à fraqueza estrutural do consumo no Brasil e à volatilidade na Argentina, que podem limitar ganhos operacionais à frente.
Na avaliação da XP, a AmBev apresentou outro desempenho fraco, ainda impactado negativamente pelas condições climáticas adversas e pelo enfraquecimento da indústria. “Temperaturas abaixo do normal, combinadas com uma renda disponível já pressionada, levaram a uma queda de 7,7% no volume de Cerveja no Brasil.”
Para Itaú BBA, a Ambev apresentou resultados mistos no 3T25, com um EBITDA ajustado de R$ 7,059 bilhões, 5% acima da sua previsão devido à inflação de custos e despesas menores do que o projetado, principalmente para a cerveja brasileira.
Cervejas no Brasil
O Itaú BBA avalia que a cervejaria no Brasil apresentou resultados melhores do que o esperado no terceiro trimestre, sendo a surpresa positiva, com ganhos de eficiência em despesas gerais e administrativas compensando os desafios previstos na receita.
O lucro líquido foi beneficiado por um ganho não recorrente de R$ 644 milhões relacionado ao programa de regularização tributária (PERT), elevando o resultado para R$ 3,7 bilhões. Ajustado por esse efeito, o lucro teria sido de aproximadamente R$ 3,2 bilhões, em linha com o consenso do mercado.
Segundo o banco, a principal surpresa foi uma inflação mais controlada do custo dos produtos vendidos por hectolitro (CPV/hl), mas isso não implica em mudanças para o ano fiscal de 2025, a menos que a empresa indique o contrário durante a teleconferência de hoje.
Segmento premium e opções saudáveis
No Brasil, a Ambev continuou crescendo e ganhando market share (participação de mercado) no segmento premium, guiados pelo aumento de volume das marcas Corona, Original e Stella Artois, que registraram crescimento de 15%, marcando o 18º trimestre consecutivo de alta em relação ao 3T24.
O portfólio “zero álcool, menos calorias e sem glúten” também continua em expansão, com destaque para Stella Pure Gold, que mais que dobrou de volume, e Michelob Ultra, que cresceu 80%, totalizando +65% em volume vs 3T24.
No segmento de refrigerantes, as opções sem açúcar seguem aceleradas, com o portfólio Zero registrando crescimento de mais de 20% em volume frente ao 3T24, mantendo a liderança do segmento.
A XP destaca que os segmentos premium, opções equilibradas e cervejas sem álcool superaram os segmentos core e core-plus, e agora a Ambev lidera em todas as frentes, enquanto a gestão de custos continua encorajadora.
“Marcas premium e super premium de cerveja no Brasil cresceram na faixa dos dois dígitos médios, superando o segmento mainstream e apoiando a lucratividade”, destaca JPMorgan. O portfólio Balanced Choices (Michelob Ultra, Stella Pure Gold e cervejas sem álcool) apresentou crescimento de volume na faixa dos 30%, refletindo forte demanda por opções mais saudáveis.
Valuation da Ambev
Em termos de avaliação, a ABEV3 está sendo negociada a 12,5 vezes o lucro estimado para o ano fiscal de 2026, o que Itaú BBA considera justo. Sendo assim, o banco manteve recomendação equivalente à neutro, com preço-alvo de R$ 14.
O BBI também manteve recomendação neutra para Ambev, com preço-alvo de R$ 13,00 para 2026, dado que o valuation ainda apresenta prêmio frente aos pares globais e a recuperação de volumes permanece como principal catalisador para revisões positivas. O JPMorgan também reiterou classificação neutra e preço-alvo de R$ 15,50.
Para XP Investimentos, a cervejaria segue negociada a um exigente múltiplo de 13,9 vezes P/L (preço sobre lucro) considerando as fracas perspectivas de crescimento do lucro por ação (LPA), e portanto reiterou recomendação de venda.
 
								 
															 
								 
								 
								 
								


