O salário-mínimo para trabalhadores formais em 2025 é no valor de R$ 1.518. Esse valor corresponde à remuneração básica que um trabalhador formal pode receber. Mas como é calculado o valor do piso salarial no Brasil?
Em geral, o valor é ajustado com base na inflação, tomando como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o que garante rendimentos básicos para a sobrevivência de um brasileiro.
Pelas regras atuais, o cálculo do salário-mínimo combina o INPC acumulado de 12 meses até novembro do ano anterior somado ao aumento do PIB de dois anos antes, limitado a 2,5% acima da inflação. Esse limite existe desde o final de 2024.
Harion Camargo, planejador financeiro CFP pela Planejar, explica que mesmo quando a soma entre inflação e PIB indique aumento superior a esse teto, o ganho real do salário será limitado a 2,5%. “O objetivo é dar previsibilidade à política de valorização e conter o impacto fiscal, alinhando o reajuste do mínimo ao novo arcabouço fiscal, que também impõe limites ao crescimento real das despesas públicas”, afirma.
Com a nova metodologia, o reajuste torna-se mais previsível e compatível com a trajetória fiscal. Em 2025, por exemplo, o INPC acumulado foi de 4,84% e o PIB de 2023 cresceu 3,2%. O aumento efetivo ficou próximo de 7,5%, respeitando o limite de ajuste, resultando no valor de R$ 1.518.
Vale destacar que esse limite valerá até 2030 e busca equilibrar o poder de compra dos trabalhadores com a sustentabilidade das contas públicas.
Como era calculado o salário mínimo sem o teto de 2,5%?
Antes dessa mudança, a correção seguia uma política de valorização que vigorou por mais de uma década e considerava integralmente o INPC mais a variação real do PIB, sem qualquer limitação.
Dessa forma, em períodos de crescimento econômico mais forte, o salário-mínimo podia registrar aumentos reais mais expressivos.
“Esse modelo contribuiu para ampliar o poder de compra da base salarial, mas também elevava significativamente os gastos públicos, já que grande parte dos benefícios previdenciários e assistenciais é vinculada ao valor do mínimo”, comenta o planejador.
Camargo ainda explica que, na prática, a mudança no cálculo do salário-mínimo reduz o potencial de valorização real do pagamento básico em períodos de maior expansão econômica, mas contribui para a estabilidade das finanças públicas e para o cumprimento das metas fiscais.
“Já do ponto de vista dos trabalhadores, a nova regra mantém a reposição integral da inflação e assegura um ganho real moderado, evitando perdas de poder de compra”, conclui.
Há descontos sobre o salário mínimo?
Ainda que o salário-mínimo seja o valor base para viver no Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) define alguns descontos, quando aplicáveis.
O principal desconto que incide sobre o salário-mínimo é o INSS, na alíquota mínima de 7,5%. Considerando o valor nacional atualmente vigente, de R$ 1.518,00, a contribuição corresponde a R$ 113,85.
Outros descontos também podem incidir sobre o pagamento, desde que respeitem os limites previstos por lei — de no máximo 70% do valor total — e que tenham sido autorizados pelo trabalhador.
Confira os possíveis descontos sobre o salário-mínimo:
- faltas sem justificativa;
- plano de saúde e odontológico, de acordo com a política da empresa;
- pensão alimentícia;
- vale-transporte (até o limite de 6%);
- parcelas de crédito consignado (até o limite de 35%).