O ouro atingiu na segunda-feira (13) novo recorde histórico, superando a marca de US$ 4.100 por onça, impulsionado pelo aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China e pelas expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve. O metal precioso, tradicional ativo de proteção em períodos de incerteza, reflete a busca global por segurança diante de um cenário econômico mais frágil e de políticas monetárias potencialmente mais brandas.
O movimento é sustentado por fatores como incertezas geopolíticas, forte demanda de bancos centrais e fluxos crescentes em ETFs globais, que vêm reforçando a tendência de valorização.
No campo político, a reabertura das disputas comerciais entre EUA e China — após o presidente norte-americano Donald Trump encerrar a trégua entre as duas maiores economias do mundo — ampliou a busca por proteção. Ao mesmo tempo, o mercado precifica 97% de chance de corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros norte-americana já em outubro, e 100% de probabilidade de nova redução em dezembro. Analistas do Bank of America e do Société Générale projetam que o ouro pode atingir US$ 5.000 em 2026, enquanto o Standard Chartered revisou sua previsão para US$ 4.488 em média no próximo ano.
Análise técnica Ouro
O ouro negocia com alta superior a 55,00% em 2025, acumulando ganho de mais de 6,00% neste mês de outubro. O ativo vem de várias semanas consecutivas de valorização e segue renovando topos históricos. Pelo gráfico semanal, rompeu suas máximas anteriores e atualmente registra topo em US$ 4.132.
Apesar do movimento esticado, que abre espaço para uma eventual correção técnica, até o momento não há sinal de reversão, e o ouro pode seguir renovando topos caso mantenha o fluxo comprador. As médias móveis seguem inclinadas para cima, reforçando a força da tendência altista.
No cenário atual, o ativo se mantém acima das médias de 9 e 21 períodos, o que demonstra forte controle dos compradores. Caso haja uma correção, ela deve ser encarada como movimento saudável dentro da tendência, tendo em vista o afastamento do preço em relação às médias.
Resistências: 4.132; 4.168; 4.275; 4.370; 4.480.
Suportes: 3.893; 3.758; 3.500; 3.204; 2.832.
A superação da faixa de US$ 4.168 abre espaço para continuidade do movimento altista, mirando as regiões de US$ 4.275 e US$ 4.370. Por outro lado, uma correção até US$ 3.758 ou US$ 3.500 manteria a estrutura positiva no médio prazo. Enquanto isso não ocorrer, o cenário segue favorável aos compradores, com o ouro consolidado como um dos ativos de melhor desempenho de 2025.
Futuros e ETFs de Ouro ganham força na B3
O avanço do ouro nos mercados internacionais também se reflete no crescimento do interesse por produtos ligados ao metal na B3. Segundo levantamento da plataforma DataWise+, uma solução da B3 e da Neoway, o Contrato Futuro de Ouro (GLD) movimentou R$ 936 milhões entre julho e setembro, com alta de 700% no volume mensal — de R$ 99 milhões em agosto para R$ 801 milhões em setembro.
Os investidores não residentes (estrangeiros) lideram as operações, respondendo por R$ 588 milhões, seguidos por pessoas físicas (R$ 233 milhões) e fundos de investimento (R$ 110 milhões). Desde setembro, a B3 oferece isenção total de tarifas de negociação até 30 de novembro, em uma estratégia para ampliar o acesso e atrair novos participantes ao mercado.
Além do contrato futuro, há outras formas de investir em ouro na bolsa brasileira. Os ETFs GOLD11 e GLDX11 permitem exposição direta ao metal.
Com a valorização histórica no exterior e a expansão dos derivativos locais, o ouro consolida sua posição como uma das principais alternativas de proteção e diversificação de portfólio no mercado brasileiro.
(Rodrigo Paz é analista técnico)