O etanol do Brasil parece estar na mira dos Estados Unidos, entre os produtos que podem ser alvo de tarifas e medias por Donald Trump. A informação é da Folha de S.Paulo, com base em um documento registrado pelo Itamaraty.
Os norte-americanos, há alguns anos, questionam as barreiras para entrada de etanol de milho dos EUA no Brasil, enquanto o biocombustível brasileiro, a partir da cana-de-açúcar, entra no por lá sem barreiras.
Um dos principais problemas vistos pelos estadunidenses fica por conta do imposto de 18% do Brasil para o país, que afeta os produtores do Meio-Oeste dos EUA, próximos a Trump.
Para Marcelo Di Bonifácio, analista da StoneX, explica que apesar de possíveis tarifas afetarem nossos embarques, o Brasil também importa do país, mas um volume pequeno. Na relação Brasil-EUA para o biocombustível, somos superavitários.
“Mas, se olharmos o Centro-Sul do Brasil é superavitário, enquanto o Nordeste apresenta um déficit, importando mais dos EUA”, vê.
A exportação brasileira de etanol para os Estados Unidos também segue uma lógica regional. O Porto de Houston é um destino importante, mas o maior importador de etanol brasileiro nos Estados Unidos é a Califórnia, devido ao seu programa robusto de biocombustíveis, que exige a importação de etanol para cumprir mandatos ambientais, além do estado não produzir o biocombustível.
“Acredito sim que esse movimento pode ser parte de uma estratégia para enfraquecer os programas de biocombustíveis do país, algo que o Trump já sinalizou. Além de ser uma medida protecionista, para proteger o produtor norte-americano”.
O impacto das tarifas do etanol no comércio Brasil-EUA
Segundo o analista, possíveis taxações dos EUA poderiam ter alguns desdobramentos. “Caso o governo brasileiro queira aplicar uma isonomia, pode ter uma tarifa na importação brasileira do etanol americano, isso teria também impacto, com o seu reflexo mais claro na exportação”.
Isso faria com que o Centro-Sul do Brasil precisasse buscar novos mercados, ainda que o país não seja um dos principais destinos do nosso biocombustível, como é o caso do Oeste Asiático. No entanto, a dependência há uma dependência maior do Nordeste pelo anidro dos EUA.
“O Brasil teria que lidar com uma demanda mais enfraquecida, porque o importador americano ia importar mais caro, então ele tende a não importar o etanol brasileiro, ou absorver essa produção no mercado doméstico, o que pode acontecer. Estamos falando do Brasil que vai aumentar a mistura do anidro, então, naturalmente, a gente já tem uma perspectiva de menor excedente exportável do produto”.
Para algumas empresas, isso pode ser sim um entrave de fluxo de comercialização, mas Bonifácio não enxerga um produto que ficaria sem mercado.
“O governo brasileiro também tem autonomia para impor tarifas, mas dependendo do humor, por assim dizer, dependendo das pretensões do governo, existe sim uma possibilidade de contrapartida”
 
								 
															 
				 
								 
								 
								


